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Wednesday, November 18, 2009

Parte IV – Toda beleza deve morrer.


O vento frio provavelmente me trazia algum desconforto, por mais que minha expressão fosse de absoluta serenidade.Eu não conseguia entender ao certo o que tinha acontecido. Só me recordo do som de um tiro, disparado em minha direção, o som das sirenes, um som uníssono, vibrante, mas que não me incomodava, pois não conseguia sentir meu corpo.Estava em um ambiente vago, incompleto, dominado por árvores que exalavam um odor cinza, leve, de certa forma, um tanto quanto sombrio; até que ela aparece em minha direção, me beija os lábios. A sua presença viva, isso dava àquele ambiente qualquer ritmo de feitiçaria; Ela, seus lábios vermelhos, carnudos. Ela era o todo, o todo traduzido na natureza e seus mistérios. Com ela, as músicas altas das folhas, que cantam sem cessar, tinham escondido toda a lamúria da terra. Ela era bela, a plena encarnação de todos os meus desejos, era minha amante, o amor da minha vida.Agora eu finalmente tinha me deixado tomar por suas “estranhas liturgias”, agora estava a compactuar com seus medos, que antes não decifrava, mas que agora aceito, como um cão faminto aceita um osso descarnado, estas migalhas que ela joga entre beijos, e palavras que ouço, por mais distantes que elas pareçam estar. Agora não estou mais desesperada, tentando encontrar um sentido, um código, uma senha qualquer que me permita encontrar um atalho onde ela não desvie tão súbito os olhos, onde seu dedo não roce tão passageiro no meu braço, onde se detenha mais demorada sobre isso que sou, e pense, que se a aceito, é por que a amo.

1 comment:

O Neto do Herculano said...

Toda beleza deve realmente morrer?