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Sunday, June 17, 2007

Cinema é a arte de não dizer nada



As marchinhas de circo ressoam em meio aos badalos de sino no pequeno vilarejo.

Uma mulher de circo, nariz vermelho, maquiagem estilizada, e pequenos atos vibrantes encarna o espírito de uma autêntica mulher italiana; emotiva, sensual, a voz entre cortes.

O designe sonoro completa o ambiente. A música no interior da imagem, no silêncio do personagem.

Na mala, objetos coloridos, sonhos.

Era um homem de circo. Não queria transmitir mensagens. Era contra a mumificação dogmática, à ordem geométrica com que a imagem é limitada. Para ele, o cinema era apenas um fabuloso brinquedo, um brinquedo que o fazia atingir o êxtase, dominado por imagens oníricas, absurdas. Um longo plano, onde, por 35 minutos, uma música repleta por proparoxítonas vibrava em cores confusas e disformes.

Uma linda mulher. Fontana de Trevi. Um pequeno gatinho exprimindo sons onomatopéicos no canto de uma rua. A recriação perfeita da Via Venetto na Cinecità. Mastroiane e seus cigarros, seus longos suspiros. Personagens que beiravam o caos, rostos estranhos que se encaixavam simetricamente à idéia inicial, à idéia sonhada. Longos chapéus, bolas de fogo. Giulietta Masina e seus gestos curtos, seu rosto engraçado, seus olhos lúdicos. Um jovem jornalista percorrendo ruas escuras numa Roma misteriosa, “carnavalesca”, sensual.

Zampano, Gelsomina, e a estrada.

Luzes deslizando suavemente sobre pequenos objetos.

O cinema é a arte da imagem.

O pequeno italiano de Rimini foge com um grupo de artistas circenses.

O cinema é a arte de não dizer nada.