Amo as pessoas. Todas elas. Amo-as. Creio como um colecionador de selos ama sua coleção. Cada história. Cada incidente. Cada fragmento de conversa. Meu amor é impessoal. É inteiramente subjetivo. Gostaria de ser qualquer um. Moribundo. Aleijado. Puta. E depois retornar para escrever sobre meus pensamentos, minhas emoções enquanto fui àquela pessoa. Mas não sou onisciente. Tenho de viver a minha própria vida. Ela é a única que terei. O presente é para sempre. O eterno está sempre mudando, fluindo, se dissolvendo. Este segundo é vida, e quando passa, morre. Mas você não pode recomeçar a cada novo segundo. Tem de julgar a partir do que já está morto. Como areia movediça, invencível desde o início. Uma história, uma imagem, pode reviver algo da sensação, mas não o bastante, não o bastante. Nada é real, exceto o presente, e mesmo assim já sinto o peso dos séculos a me esmagar. Uma moça, há cem anos, viveu como vivo. E ela está morta. Sou o presente, mas sei que também passarei. O momento culminante, o relâmpago fulgurante, chega e some. E eu não quero morrer.
Wednesday, May 27, 2009
Se o eterno não tivesse fixado suas leis contra o suicídio! O mundo é estéril. Vazio. Tedioso. Nada é firme e sólido. Erva daninha a espalhar o obsceno ato de existir. O homem retorna ao nada. Entre dois presságios de luz – o nascimento e a morte – a vida se mostra um doloroso adeus. Quero que minha alucinação seja algo de gigantesco. Quero que ela borde a minha loucura. O mais cáustico dos venenos é a lucidez.
Sou você
Eu poderia escrever sobre você. Poderia escrever sobre tua “ironia fina”, sobre tua dor. Tua vontade de mudar o mundo. Tua descrença. Tua desordem. Teu caos. Mas eu também sou você. Retroalimento-me de você. Sou você na tua maneira de sorrir. Sou você quando te observo calado. Sou você quando sinto tuas dores. Quando respiro teus traumas. Sou incondicionalmente você. Somos o mesmo lado da moeda. Somos o acaso em busca de respostas. Nosso grande livro está com as páginas trocadas. Precisamos ordená-las uma a uma?
Sou você quando sinto teu braço roçando no meu. Um leve deslizar de mãos. Teu olhar atento. Sou você na maneira curiosa como olha o outro. Sou você que também detesta o senso comum. Sou você que empalidece de dor quando ver homens nus nas calçadas. Sou você que também rejeita o conhecimento elitizado. Sou você que ver entre o mundo vira-lata e o mundo poodle uma dicotomia absurda. Sou você ao debruçar teus lindos olhos sobre a podridão do mundo. Sou você que não quer ficar calado. Que quer se expor. Sou você que se deita no travesseiro e sente o peso dos séculos te esmagarem as entranhas. Sou você que sofre. Que deseja.
Sou você quando sinto teu braço roçando no meu. Um leve deslizar de mãos. Teu olhar atento. Sou você na maneira curiosa como olha o outro. Sou você que também detesta o senso comum. Sou você que empalidece de dor quando ver homens nus nas calçadas. Sou você que também rejeita o conhecimento elitizado. Sou você que ver entre o mundo vira-lata e o mundo poodle uma dicotomia absurda. Sou você ao debruçar teus lindos olhos sobre a podridão do mundo. Sou você que não quer ficar calado. Que quer se expor. Sou você que se deita no travesseiro e sente o peso dos séculos te esmagarem as entranhas. Sou você que sofre. Que deseja.
Somos o abismo fundamental.
O vazio das horas.
O luto do mundo.
O vazio das horas.
O luto do mundo.
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