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Sunday, December 31, 2006

Postagem sem título

Quando nos tornarmos escanfrandristas do céu, e não mais fleumáticos admiradores de pontos fixos , talvez a vida ganhe uma tonalidade mais bela.

O universo e seus indizíveis mistérios comporta a maior de todas as perguntas; venceremos de fato o caos da morte?
A desesperança é maior que o maior de todos os sentimentos, aquele capaz de provocar revoluções sem ao menos levantar uma bandeira, ou destilar tiros de desespero?
Amor.

No nosso inconsciente estão registrados traumas que muitas vezes desembocam em um interminável processo de catarse interna. Uma explosão sinistra e melancólica, uma intimidade grosseira entre os pensamentos do corpo e do espírito.

Somos a civilização que trocou a eloqüência do amor pela bomba atômica. Estaremos eternamente condenados ?
Temos um contato íntimo com o útero materno. Somos amnióticos . Almejamos uma liberdade de ações, mas nos aprisionamos aos grilhões da família, ás verdades que não oscilam, aos valores e sua mais cruel face, a tradição.
Somos guerreiros em terra inóspita, nos vangloriamos das nossas conquistas, das nossas guerras. Estamos vivendo na era do desespero. E o que é pior, não nos damos conta disso. Assimilamos valores alienígenas, sem nos darmos conta de que a maior das liberdades consiste na afirmação da nossa identidade. Mas não uma identidade nacionalista, não falo com a imposição de preconceitos lingüísticos e geográficos. Falo em nome da identidade que é fruto das nossas mais intrigantes reflexões internas, das nossas conjugações herméticas, do contato tênue entre elas e as forças místicas que nos rodeiam, falo em nome da universalidade do ser humano, das células em intenso processo de multiplicação, dos neurônios e suas sinapses perfeitas.

Contemplados seremos com o sorriso de Afrodite? Resta-nos uma faísca de amor? Somos deuses do nosso reino?
A visão embaçada, os óculos molhados com o vapor atmosférico, os carros blindados , os edifícios encarcerados, quais serão as outras metáforas que a humanidade irá utilizar para se desfazer deste intenso processo poético evolutivo que é a vida na sua expressão mais verdadeira?
Anseio com a disciplina e furor de fé de um monge beneditino, que o porvir e o futuro, estejam na pauta das nossas aspirações, da nossa visão. Enquanto nos embrenharmos deste imediatismo caduco, incrédulo, deste cotidiano manso, seremos eternos espectadores no anfiteatro da vida. Se esperamos pelos aplausos, a vida em troca nos dará murmúrios e as mais audíveis vaias.
Eternos coadjuvantes no maior espetáculo de todos os tempos.

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